No Brasil, o primeiro caso notificado da febre Chikungunya foi em 2014, no Amapá. Devido a alta taxa de ataque do vírus, que pode atingir até 75% da população numa única epidemia, os casos aumentaram rapidamente no nosso país, sendo as regiões Nordeste e Sudeste as mais afetadas.
De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais, temos mesmo vivido um aumento progressivo do número de casos nos últimos anos: no ano de 2020, foram notificados 3.385 casos prováveis da doença em Minas Gerais; em 2021, esse número foi de 5.655 casos; em 2022, até o mês de outubro, registramos 7.347 casos prováveis. Nesse ano, dentre as cidades mineiras, até esse mesmo período (outubro/2022), Montes Claros se destaca como a maior em número de casos notificados, totalizando 1.605, muito maior se comparado à capital mineira, Belo Horizonte, que registrou apenas 133 casos. Acredita-se ainda que esses dados sejam subestimados, devido à subnotificação da doença.
O vírus da Chikungunya é um alfavírus conhecido por ser artritogênico – vírus que causa inflamação nas articulações – e pela grande capacidade de gerar dano articular crônico. É transmitido pela picada dos mosquitos Aedes albopictus e Aedes aegypti (o mais comum no nosso meio, também vetor da dengue e zika).
Após a infecção, a doença pode evoluir em três fases. A fase aguda (até 14 dias do início dos sintomas), em que praticamente todos os pacientes apresentarão dor e edema das articulações, principalmente em mãos, punhos, tornozelos e pés, muitas vezes incapacitante e acompanhada de febre.
A persistência de dor e inflamação em articulações por mais de 15 dias – fase subaguda, que ocorre em cerca de 50% dos pacientes – já indica a necessidade de avaliação clínica por um Reumatologista, pois sinaliza a maior chance de cronificação da doença. Permanência dos sintomas além de três meses pode acontecer em cerca de 40% dos pacientes, a chamada fase crônica. Alguns fatores conhecidos por aumentar o risco de persistência dos sintomas são: sexo feminino, idade acima de 35-40 anos, portadores de Diabetes Mellitus ou de alguma doença articular prévia, como a Osteoartrite.
Em caso de sintomas sugestivos ou do diagnóstico da doença, procure um Reumatologista para uma avaliação especializada e definição do melhor tratamento, evitando o risco de complicações frequentes com automedicação e os danos próprios da evolução da doença. Os estudos mais recentes sinalizam o benefício em não retardar o início de tratamento específico, com o objetivo de evitar sequelas, deformidades e evolução para dor crônica.